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Gestão não profissionalizada impacta na precariedade de bibliotecas públicas em Goiás

Bibliotecas públicas em Goiás formam seus acervos com base em doação, sem considerar perfil e interesse do público atendido. Sem a presença de bibliotecários, nestes equipamentos culturais também é comum a ausência de espaço dedicado à criança e falta atendimento adequado à pessoa com deficiência. Estas e outras demandas urgentes de bibliotecas públicas de Goiás integram o diagnóstico que tem como amostra 19 municípios, que participaram do Projeto Madalena Caramuru, realizado pela NegaLilu Editora e pela Casa da Cultura Digital, com apoio do Fundo de Arte e Cultura de Goiás.

 

O diagnóstico é o produto final de um programa de capacitação on-line com 70 horas de duração, distribuídas entre seminários, oficinas e encontros sistemáticos dos grupos de trabalho. O documento está disponível AQUI e foi encaminhado ao poder público federal, por meio do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, e ao governo estadual, por meio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult). Nesta sexta-feira, 9 de abril, Dia Nacional da Biblioteca, o relatório chegou também às prefeituras engajadas no projeto.

 

Segundo a coordenadora geral do Projeto Madalena Caramuru, Larissa Mundim, este trabalho investiga temas recorrentes, melhores práticas e traços de inovação nas ações culturais, na estrutura física e tecnologias, no acervo, na gestão, no comportamento dos equipamentos culturais durante a pandemia, entre outros aspectos. “O diagnóstico é um documento referencial para a identificação de potencialidades e vulnerabilidades, um retrato da biblioteca pública no Brasil a partir da realidade em Goiás”, comenta ela.

 

Entre os dados trazidos pelo diagnóstico, um dos mais preocupantes é que 89% das bibliotecas neste estudo nutrem seu acervo por meio de doações. “A aquisição de acervo para as bibliotecas é fundamental para a qualidade, atualização e continuidade dos serviços prestados à comunidade”, argumenta a coordenadora técnica do projeto, a bibliotecária Geisa Müller. Na Biblioteca Estadual Pio Vargas, que possui o maior acervo dentre as unidades de informação que compõem o diagnóstico, a última compra de livros ocorreu há mais de 15 anos.

 

De acordo com Geisa Müller, uma característica de acervos formados a partir de doações indiscriminadas é a obsolescência. “Em casos assim, pode haver itens que deveriam ser descartados, mas continuam ocupando espaço nas estantes”, ressalta. O diagnóstico mostra também que apenas 5% das bibliotecas pesquisadas realizam o descarte de materiais sistematicamente. Entre as outras, 39% afirmam não saber quais itens descartar e 39% alegam não possuir autonomia para fazer o bota-fora de livros e periódicos.

 

Profissionalização

O programa de formação, que atendeu ao todo 20 municípios, revelou ainda que a falta de autonomia para a tomada de decisões técnicas corriqueiras é uma consequência da gestão fragilizada pela ausência de profissionais da Biblioteconomia. Dentre as bibliotecas públicas pesquisadas no Projeto Madalena Caramuru, apenas 21,1% são geridas por bibliotecários ou bibliotecárias.

 

“A ausência de técnico especializado impacta negativamente nas condições de infraestrutura para o trabalho e na relação com a comunidade atendida”, afirma Larissa Mundim. Para ela, este fator pode estar relacionado ao fato de que 42% das bibliotecas pesquisadas não disponibilizam espaços destinados para leitura infantil. Outro dado relevante: 52,6% das bibliotecas que integram este estudo não possuem computadores acessíveis para atendimento de usuários com algum tipo de deficiência.

 

Pandemia

Considerando as demandas impostas pela pandemia ao funcionamento de bibliotecas, o diagnóstico também investigou perspectivas de retomada dos trabalhos a partir dos protocolos de segurança sanitária. Dentre as 19 bibliotecas que integram a amostra, 15,8% já realizaram planejamento de reabertura, 26,3% estão desenvolvendo planos de ação e em 26,3% dos casos não há previsão de retomada do trabalho.

 

Esta é a primeira matéria de uma série que apresenta o diagnóstico de demandas urgentes de bibliotecas públicas de Goiás, a partir da amostra definida no programa de capacitação do Projeto Madalena Caramuru. Acesse o relatório completo AQUI.

 

Conheça aqui as 19 bibliotecas que integram a pesquisa:

Nome Município
Biblioteca Braille José Álvares de Azevedo Goiânia
Biblioteca Celuta Mendonça Teles Bela Vista de Goiás
Biblioteca Estadual Pio Vargas Goiânia
Biblioteca Pública Municipal Nicolina Rosa Adorno Mossâmedes
Biblioteca Municipal Dona Eva Vieira de Almeida Itaberaí
Biblioteca Pública Municipal Hernane Faria Minaçu
Biblioteca Municipal Isócrates de Oliveira Pirenópolis
Biblioteca Municipal Magda Faraj Santanna Cristalina
Biblioteca Municipal Maria Brígida Feliciano Cardoso Iaciara
Biblioteca Municipal Maria da Paz Gonçalves Santa Bárbara de Goiás
Biblioteca Municipal Marietta Telles Machado Goiânia
Biblioteca Municipal Professor Helvéssio Ferreira de Melo Hidrolina
Biblioteca Municipal Professor Manoel Maia Campestre de Goiás
Biblioteca Municipal Waldemar Barbosa Baliza de Goiás
Biblioteca Pública de Colinas do Sul Colinas do Sul
Biblioteca Pública Joel da Silva Moraes Ceres
Biblioteca Pública Municipal Dona Julica Salgueiro Santa Rita do Araguaia
Biblioteca Pública Municipal Monsenhor Chiquinho Corumbá de Goiás
Biblioteca Pública Municipal Professor Josino Bretas Caldas Novas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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