O estímulo à leitura ganha espaço definitivo na agenda da Nega Lilu Editora, nas próximas semanas. Uma das providências mais evidentes do envolvimento com a formação de leitores é o lançamento do selo Tuci, dedicado a publicações infantojuvenis. O título inaugural será a história em quadrinhos de Emerson Rodrigues, a graphic novel pós-apocalíptica Cidade Buraco – volume 1, que tem o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Goiânia.
A diretora da Nega Lilu, Larissa Mundim, confirma que publicar livros ilustrados e HQs é um desejo presente desde a fundação da editora goiana, mas faltava um produto de impacto para a abertura do catálogo. “Também estamos mais seguros, do ponto de vista técnico, para aceitar o desafio de fazer livros que dialoguem com as crianças e os adolescentes do nosso tempo”, completa.
De acordo com Larissa Mundim, os dados apesentados pela pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada em outubro de 2016, pelo Instituto Pró-Livro, também incentivou a criação do selo Tuci. “Apesar do aumento do número de cidadãos que relata o hábito de ler, o Brasil confirma ser um país que precisa tornar-se mais exigente na escolha deste conteúdo”.
A pesquisa informa que, entre 2011 e 2015, houve aumento de seis pontos percentuais no número de leitores, que agora já chega a 104,7 milhões (cerca de 56% da população do Brasil). Segundo o Instituto Pró-Livro, a metodologia da pesquisa considerou como leitor, o cidadão que leu − inteiramente ou em partes −, pelo menos um livro nos três meses anteriores à coleta de dados.
Considerando este parâmetro, a pesquisa se deparou com a leitura média de 4,96 publicações por habitante/ano, entre literatura, contos, romances, poesia, história em quadrinhos, livros religiosos e didáticos. “Retratos da Leitura no Brasil” revela mais: a Bíblia foi citada como o “gênero” mais lido entre aqueles que não estão estudando. Já entre os estudantes, a Bíblia foi citada por 31% dos entrevistados, mesmo percentual de leitores de contos, seguido dos usuários de livros didáticos (28%).
“O ganho quantitativo de leitores é, sem dúvida, um avanço, mas uma leitura qualquer será insuficiente para a transformação social deste país”, analisa a escritora e editora. Para ela, o brasileiro precisa diversificar e qualificar seu hábito de ler, acessando inclusive conteúdos produzidos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “Ou seja, aquela produção literária que não se encontra nas livrarias. Mas este é outro desafio rsrs”, conclui Mundim.