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Diário de tese expõe desafios de uma mãe pesquisadora durante a pandemia da covid

Pelas bordas do texto: um diário de tese, da escritora e pesquisadora premiada Maria Clara Machado, compartilha as rotinas da escrita de sua tese de doutorado em Literatura em meio à pandemia da covid-19, ao governo Bolsonaro e ao cotidiano da maternidade. Publicado pela negalilu editora, o livro será lançado em 29 de agosto, às 17h30, durante o X Simpósio Internacional de Literatura Brasileira Contemporânea, no ICC/UnB (anfiteatro 10), em Brasília.

Neste livro, o dia a dia da pesquisa sobre a obra de Carolina Maria de Jesus e de Françoise Ega, importa mais que o trabalho acabado. Os protagonistas desta história, contada em formato de diário, são as angústias da escolha do tema, o relacionamento com os orientadores, as dúvidas sobre a escrita, as ansiedades sobre a qualidade e relevância da pesquisa, a busca pela teoria mais esclarecedora ou o embate com o famigerado apud. Leitoras e leitores também terão acesso às estratégias de pesquisa e resolução dos desafios acadêmicos que foram surgindo ao longo do percurso da autora.

 

Paralelamente, a autora explora ainda dúvidas sobre as trajetórias da própria vida, enquanto escrevia a tese e inscrevia-se em palavras. “Muitos pós-graduandos reconhecerão as inquietações e dificuldades abordadas aqui, sobretudo as mães de crianças pequenas que precisam cuidar dos filhos e trabalhar para sustentar a família, enquanto escrevem entre noites mal dormidas e dias curtos demais”, comenta Maria Clara Machado, agora em pós-doutoramento pela Unifesp.

Premiação
Pelas bordas do texto: um diário de tese conta com apresentação escrita pela Professora Doutora Regina Dalcastagnè, do Programa de Pós-Graduação em Literatura da UnB, e ilustrações da artista Juliana Russo (conheça a seguir a ficha técnica completa). Defendida em novembro de 2022, a tese Meu pranto, seu canto: correspondências possíveis entre as obras de Carolina Maria de Jesus e Françoise Ega é fruto do doutorado em Literatura na Universidade de Brasília em regime de cotutela com o Departamento de Estudos Lusófonos da Sorbonne Nouvelle em Paris.

Aprovada sem correções pela banca, este trabalho de pesquisa recebeu o prêmio de melhor trabalho em Humanidades pela Associação dos Brasilianistas da Europa em 2023 e foi indicada ao Prêmio Capes pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura da UnB. A tese foi orientada pelos professores doutoras Regina Dalcastagnè, da UnB, e Paulo Teixeira Iumatti, da Sorbonne Nouvelle.

Na apresentação do livro, Regina Dalcastagnè destaca diferenças na origem das três mulheres que nos envolvem nessa leitura diarística e suas semelhanças no enfrentamento de desassossegos ─ próprios da maternidade, da elaboração da escrita, das violências ─ intensificados conforme a cor, a classe e o endereço. “Ao falar de si e da execução de seu trabalho, exibindo fragilidades físicas e emocionais, além da vontade de pensar o mundo a partir da perspectiva de duas mulheres negras – uma brasileira, na periferia de São Paulo, outra martiniquense emigrada para Marselha –, [Maria Clara] resiste com honestidade intelectual a tempos encharcados de ignorância, de mentiras, de desrespeito ao conhecimento e à cultura”.

 

Escrita diarística
Inspirada pela prática da “escrita diarística”, que conecta Carolina Maria de Jesus e Françoise Ega em sua tese de doutorado, Maria Clara Machado também escolheu essa forma de expressão em Pelas bordas do texto, transitando entre a literatura e a autobiografia. Na concepção da editora Lari Mundim, da negalilu, o livro ganhou um aspecto de diário de bordo e não possui capa, permitindo que a estrutura do miolo do livro fique exposta.

“Existe uma sinceridade explícita no diário de Maria Clara. À medida que a leitura avança e que a autora nos dá acesso ao seu cotidiano, o livro desperta um sentimento de empatia e irmandade e passamos a torcer por aquela mulher, para que ela consiga superar os desafios e a escrita da tese é apenas um deles”, reflete Lari Mundim.

A jornada desta mulher, entre tantas outras, é elaborada pela artista Juliana Russo como uma aventura de navegação. As ilustrações, produzidas originalmente em tinta nanquim sobre o papel, ilustram uma viagem inspiradora, que desafia o temperamento das águas.

A partir do lançamento, Pelas bordas do texto: um diário de tese poderá ser adquirido pelo site da editora negalilu e em seus pontos de venda parceiros. O livro também estará disponível no formato e-book à venda em mais de 150 vitrines eletrônicas de todo o mundo.

SERVIÇO:
Lançamento do livro Pelas bordas do texto: um diário de tese, de Maria Clara Machado
29 de agosto, às 17h30, no ICC/UnB (anfiteatro 10)
ISBN: 978-85-68589-18-2
Preço de capa: R$ 50,00
www.negalilu.com.br

 

Maria Clara Machado é mãe do João e da Nina. Nasceu em Goiânia e viveu em Brasília, Jacarta, Paris, Praia e Nova Iorque. É professora de literatura, jornalista e escritora às margens da maternidade. Publicou poemas, contos e crônicas em antologias e uma tese sobre duas outras mães escritoras.

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