Livro-objeto, ensaio de dobradura, projeto de voo. Avião de papel é um pouco assim, publicação da NegaLilu Editora que registra a recente produção do jovem poeta goiano Rosa das Neves. Com apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, o lançamento está marcado para 10 de fevereiro (quarta), às 19 hora, nos canais Nega Lilu no Facebook e Youtube.
Rosa das Neves iniciou sua produção literária com a escrita em prosa até se encontrar na poesia como forma de expressão artística mais ampliada. “Neves é só poesia. O DNA dele é poesia pura. Não tem como fugir disso”, destaca o compositor e agitador cultural Carlos Brandão, no texto de apresentação do livro. Antes de Avião de papel, o autor trilhou caminhos da autopublicação, em zines, antologias e e-books também.
O livro contém poesia cotidiana e autobiográfica, que revela desejo de morte e de vida se alternando diante das anunciações juvenis da paixão. Avião de Papel é um registro da existência do autor e de sua dor. Nas palavras de Paulo Autran, “o adolescente quando descobre a solidão se sente o mais infeliz de todos os seres”. E Rosa das Neves arremata: “Esse livro é um pouco sobre isso. Sim, eu estive ali, eu fiz o voo, senti frio na barriga e também pulei do avião. Também para registrar que não, os paraquedas não abriram e dizer que, durante a queda, a vista é linda. Por isso escrevi um avião, para aprender a voar.”
No conjunto de poemas que agora vem a público, por meio do Selo Naduk da NegaLilu Editora, leitores e leitoras acessam percepções afetivas de narrativas cotidianas, a partir do olhar do autor. “Somos convidados a caminhar lado a lado, assistindo a tudo e aprendendo a ver-ouvir”, ressalta o poeta João Lepife, autor do posfácio.
Neste contexto, num jogo esconder-se para mostrar-se, as ilustrações da artista visual Gabriela Chaves vão surgindo no passar das páginas, um ensaio de dobradura. Sua linguagem dialoga de maneira empática com a poética de Rosa das Neves, sugerindo timidez e delicadeza, com forte presença. O trabalho da artista foi apropriado pela designer Bia Menezes, autora do projeto gráfico de Avião de papel.
A concepção da publicação como objeto é da editora Larissa Mundim, que também assina a produção gráfica do projeto editorial. A ideia é simples: com a capa integralmente aberta no ar, leitoras e leitores terão nas mãos um livro transformado em avião de papel, a partir de uma segunda dobra feita nas orelhas. “O trabalho autoral do Rosa tem a ver com performance, foi assim que cheguei na proposta das dobras, que também se manifestam no miolo do livro”, comenta a editora.
Sobre o autor
Rosa das Neves estuda Letras, no Instituto Federal de Goiás. Escritor Santa Rosense (GO). Integra o Coletivo Fiasco de experimentação literária, desde 2017, e é residente no Laboratório de Fritação Artística Lola Lab, desde 2020. Colaborador e poeta no Coletivo Goiânia Clandestina (GYN CLAN) e no Coletivo e/ou. Publicado nas antologias O olhar inaudível (prosa, 2019) e Antologia Clandestina (poesia, 2017). Pesquisa movimentos de contracultura para formação e nas horas vagas brinca de traduzir.