Idealizada pelo jornalista Clenon Ferreira, a Revista Cajá surge para contar história, aproximar o leitor do cotidiano, apresentar situações, lugares, pessoas. A linha editorial perpassa aspectos relacionados à cultura, arte, urbanismo e história, política, e atualidade, com lugar garantido para a fotografia, o audiovisual e a literatura.
O lançamento da Cajá está marcado para o dia 19 de novembro, às 19h30, no Culturama. A entrada é fr Na ocasião, a revista promove promove o debate “Reportar é saber: O Jornalismo Cultural em tempos de crise”. Segundo Clenon Ferreira, a proposta é discutir os caminhos tomados pelo jornalismo cultural nos últimos anos, assim como repensar as díspares formas de comunicação, cultura e sociedade e a importância do jornalismo para um projeto artístico.
Para o bate-papo, a Revista Cajá convidou os professores e jornalistas Rogério Borges e Salvio Juliano Farias, a escritora e jornalista Larissa Mundim e a editora da Revista Ludovica Ruth Cavalcanti.
Confira entrevista exclusiva com o jornalista Clenon Ferreira:
Nega Lilu Editora: O que o leitor pode esperar da Revista Cajá?
Clenon Ferreira: A Revista Cajá veio de um projeto muito pessoal quando ainda estava na faculdade. Ela foi o meu projeto de conclusão de curso na graduação em Jornalismo e, desde então, tive essa vontade de criá-la, verdadeiramente. Três anos depois e eu lanço a Cajá num cenário diferente. Não tinha como trabalhar com uma revista impressa. A crise está, principalmente, no papel. Além de mais barato, a internet possibilita infinidades de ações que posso explorar. O leitor pode esperar conteúdos que envolvam cultura, arte, urbanismo e história, política, agenda, música, textos literários, cotidiano, fotografia, vídeo, notícia e atualidade. É uma publicação que se espelha TAMBÉM no que é de fora, mas com um pézinho cravado em Goiás.
NLE: Qual foi sua motivação para criar a revista?
CF: Quando decidi verdadeiramente prosseguir com o projeto, depois que voltei de São Paulo, em julho deste ano, comecei a mapear várias revistas, impressas e virtuais, que existem no País. Foi uma descoberta. Em cidades como São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, por exemplo, diferentes publicações de cultura foram criadas nos últimos tempos. Em Goiás, ainda não temos muitas publicações relacionadas exclusivamente à cultura. Temos os cadernos de cultura dos jornais impressos e semanais, os virtuais, alguns pouco blogs e revistas (a exemplo da Bula, Janela, Zelo e Ludovica). Quanto mais espaços e janelas para a publicação e apresentação de projetos, eventos, pautas especificamente de cultura, melhor. Convivo com muitos produtores de cultura que querem ver seus projetos sendo apresentados para as pessoas. Esse é um papel muito importante para a Cajá.
NLE: Fala pra gente sobre a linha editorial. A Cajá vai trabalhar com colaboradores? Quais colunas estão previstas? Que assuntos serão prioritários
CF: Eu mantive muito o projeto editorial e o próprio conceito visual de quando ela ainda era um projeto de TCC. É mais ou menos o que o antropólogo Hans Belting propositou na chamada “descoberta da periferia pelo centro”. Artistas já não surgem ou se estabelecem apenas nos grandes centros, como Europa, Estados Unidos ou recortando ainda mais, São Paulo e Rio de Janeiro. Eles agora chegam de todo canto e podem dominar qualquer cenário. Nada mais é vertical. A periferia, pra ele, ao menos no âmbito cultural, é neste momento o lugar central. E a revista tem o formato de uma casa típica do interior goiano: tem alpendre, tem o corpo da casa e tem um quintal. Terá seção de notícias atuais e diárias, tem seção de reportagens especiais produzidas por jornalistas e escritores colaboradores (e como eu descobri que tenho amigos! rs). Tem seção de entrevista, de textos mais literários e opinativos e uma parte só para fotógrafos exporem seus trabalhos. Ela é feita por uma equipe colaborativa, grande, de fotógrafos, escritores, artistas, cineastas, produtores, jornalistas. Um espaço aberto ao diálogo, conversa, debate.
NLE: O tema do debate que lança a revista fala em crise… Que tipo de iniciativa a Cajá deseja estimular neste momento em que criatividade é a melhor moeda?
CF: Acredito que o que mais se deva fazer, principalmente em momentos de crise, é a discussão. Lançar um produto é uma ótima situação para se contextualizar, debater. O que eu quero é que existam mais debates sobre jornalismo, mais discussões e mais mesas redondas. O jornalismo está estigmatizado. São repórteres-cidadãos-justiceiros atrás do furo de cada dia. O que a Cajá quer é contar história, contar cotidiano, mostrar e apresentar situações, lugares, pessoas, situações palpáveis. Gosto de estar numa mesa escrevendo um texto, mas gosto mais ainda de ir pra rua, entrevistar gente, conversar com o povo no centro, fotografar. Não tenho intenções de reinventar, criar algo maravilhosamente novo, redescobrir a roda. Longe disso. O que a Cajá propõe é um espaço que fale, exclusivamente de cultura, de diversas formas, seja numa notícia, numa reportagem, numa foto, numa crônica ou numa entrevista.
Inscreva-se para o debate de lançamento da Revista Cajá: http://www.espacoculturama.com.br/novo-evento/2015/11/19/reportar-saber-o-jornalismo-cultural-em-tempos-de-crise